Atravessar a rua é uma atividade cotidiana e rotineira, mas pode representar um grande desafio para pessoas com autismo, TDAH e outras condições, devido à dificuldades de concentração, percepção e reação aos estímulos ambientais. A realidade virtual (VR) surge como uma ferramenta poderosa para treinar e preparar essas pessoas para situações da vida real, como a travessia de ruas, de forma segura e controlada.
Segundo estudo publicado na Revista Americana de Saúde Pública, crianças com TEA têm um risco significativamente maior de letalidade por ferimentos não intencionais, sendo três vezes mais vulneráveis que a população geral. Entre os fatores que contribuem para esses eventos, destacam-se dificuldades em perceber os perigos e reagir de forma adequada, dificuldade de olhar repetidamente para todos os lados, de identificar a velocidade dos carros e de não compreender as sinalizações, são algumas das causas de acidentes e atropelamentos. Esses aspectos evidenciam a importância de recursos educativos que garantam que pessoas com essas dificuldades possam se deslocar de forma segura e independente.
Pensando nisso, e com o objetivo de auxiliar pessoas com autismo e outras deficiências a desenvolverem habilidades importantes para a vida diária, com autonomia e segurança ao atravessar a rua, a Therafy desenvolveu uma atividade inovadora com essa finalidade. Este recurso oferece um ambiente seguro e controlado para a prática e aprendizado, auxiliando no desenvolvimento psicomotor.
O jogo possui diversas etapas, com três níveis de dificuldade que aumentam gradativamente conforme o jogador avança com êxito. Para incentivar ainda mais, os usuários são recompensados com medalhas e troféus, que podem ser conquistados ao longo das fases. Além disso, algumas etapas podem ser realizadas com ou sem a ajuda da "Ana", uma assistente virtual que oferece suporte dentro do game.
Mais que promover o desenvolvimento de autonomia, uma característica importante sendo trabalhada é o controle inibitório, que é a capacidade de controlar impulsos para dar lugar a comportamentos mais apropriados e planejados. Pois, conforme joga repetidas vezes, avançando o nível de dificuldade, o jogador passa a planejar cada passo a ser realizado.
Atravessar a rua corretamente vai além da segurança, é um compromisso social com todas as pessoas. Ao promover habilidades de travessia de ruas, iniciativas como a da plataforma Therafy reduzem os riscos de acidentes e reforçam uma responsabilidade coletiva em transformar atividades comuns, como atravessar a rua em uma atividade segura e acessível, na qual cada indivíduo possa exercer de maneira independente.